Antes de falar sobre as nações do Candomblé gostaria de dizer que o Candomblé só existe no Brasil, e na África o que existe é o culto a Nações.
O Candomblé foi criado aqui no Brasil a partir das misturas das nações e pela necessidade de se manter a sua Fé, trazido pelos escravos.
Tínhamos como nação as vilas/ aldeias, ou seja, se uma vila era de Iemanjá, todos daquela vila ou aldeia eram filhos de Iemanjá, da nação Iorubá da região de Ifé, na Nigéria, por exemplo.
E assim com todas as aldeias e Orixás, cada um deles é uma nação, como aqui no Brasil vieram negros africanos de todas as aldeias, houve então a junção das nações e nasceu o Candomblé.
E com o Candomblé as suas vertentes, e suas nações, de acordo com a origem do Pai de Santo da casa, de qual região da África. Então, sem mais demoras, confira abaixo tudo o que precisa saber!
Nações do Candomblé
Antes de mais nada, queremos referir que nenhuma nação é melhor que outra. Existem apenas algumas mais e outras menos conhecidas.
Fora isso, existem várias com diferentes costumes, tradições e até mesmo energias. O artigo serve para diferenciar todas elas de maneira correta e não como se fosse uma competição.
Existem cerca de 5 nações conhecidas. Vamos falar um pouco sobre cada uma delas, os seus costumes, a sua língua e muito mais. Pode conferir elas logo abaixo, juntamente com as respetivas informações.
Nação Ketu
O que difere uma casa de Ketu para as outras está além do idioma, é o toque dos atabaques (Ilus), as cantigas e as vestimentas dos Orixás que são de cores diferentes das outras casas.
A língua sagrada é o Iorubá ou Nagô. São usadas na Nação do Ketu os ensinamentos/fundamentos são passados para os filhos do barracão, verbalmente, não existe muita coisa escrita.
No Candomblé a autoridade máxima é Iyálorixá, que é a mãe de santo, e Babalorixá que é o pai de santo.
Estas pessoas foram escolhidas pelos Orixás ou pelos búzios. Se a pessoa escolhida nos búzios não estiver pronta para assumir a responsabilidade, os Egbomis, que são os mais velhos da casa, ajudaram no ensinamento.
Candomblé de Angola
Deus ou Nzambi é o primeiro a ser cultuado pelos fiéis do Candomblé de Angola. Abaixo Dele bem os inkisis ou minkisi, que são os Orixás, divindades de Deus, representantes das forças da natureza.
Se comunicam, cantam e rezam na língua originária Kimbundo e Kikokngo. Os Tatas são os sacerdotes e as sarcedotisas são chamadas de Mametos.
Muzenza é o nome que se dá a quem está iniciando na religião, no Ketu seria iywô. A Mameto Tuenda dia N’Zambi é a mais tradicional casa angoleira do Brasil que foi fundanda por Maria Genoveva do Bonfim, em Salvador.
Nação Nagô do Candomblé
Nagô é o nome dado a uma religião de Pernambuco conhecida como Xangô de Pernambuco, ou Nagô Egbá. Já no Rio Grande do Sul, Nagô é o nome de uma nação de Orixá ligadas ao batuque. Já na Bahia é chamado Nagô o Candomblé de Caboclo, pela semelhança que tem com o Xangô de Pernambuco.
Os três cultuam a mesma coisa, Orixás, Voduns (antepassados) e nkisis(são Orixás parecidos com os cultuados nos candomblés de Angola e Congô).
Para que não haja dúvidas sobre a utilização do termo Nagô, ficou “ acertado” que seria usado apenas em Pernambuco e que na Bahia seria Candomblé de Nação.
Nação Jeje
A palavra Jeje em Yoruba adjeje, significa apenas estrangeiro, sendo assim não existe e nunca existiu uma nação Jeje, o chamamos de Jeje é o Candomblé formado por vários povos diferentes, quase todos vindos da região de Dahomé e pelos Mahins.
Este candomblé Jeje cultua os Voduns (ancestrais) que são considerados deuses, mas cultuam também os Orixás que conhecemos.
E para esta nomenclatura jeje teremos vários, jeje ijexá, jeje voduns, entre outros.
Nação Bantu
Uma das maiores nações do Candomblé é a Banto ou Bantu. A palavra em si quer dizer humanos, gente. Cultuam Nzambi (Deus) ou Todo poderoso na língua banto, Nkisi (Orixás) e Vodun (ancestrais).
A grande diferença desta nação está nos atabaques e nas danças que são verdadeiras coreografias! Ao invés de rodar, eles dançam em filas, duas e de frente uma para a outra, cruzando e avançando e depois recuando.
Os atabaques são tocados com as mãos sem o uso das varinhas (aguidavis), e os ritmos são: cabula, congo, barravento e rebate.
Apenas para terminar
Existem muitas outras nações, ou vertentes de uma nação como acontece com o Jeje, que descobrimos neste artigo que não é uma nação, mas as pessoas acabam por entender que sim.
As diferenças entre elas, está no que se é cultuado, Orixás é igual para todos, mas Voduns (ancestrais) não, apenas para algumas.
A forma de trabalhar, os toques de atabaques, as danças as roupas e cores dos Orixás, também podem sofrer algum tipo de alteração dependendo da nação.
Mas que fique claro, quem é de uma nação pode participar de um trabalho de uma casa que pratica outro tipo de candomblé, ou de uma nação diferente.
Como na Umbanda, que existe suas vertentes, no Candomblé existe suas nações. Uma não é melhor e nem pior que a outra, só pratica de forma diferente, apenas isto.
Mas todas elas têm suas forças contidas em seus fundamentos e ensinamentos, que são passados de forma empírica de Pai de Santo para filho de Santo.
A nação chama os seus, isto quer dizer que os candomblecistas se sentem melhor em uma nação do que em outra, e isto é uma questão de afinidade e não de força e poder da casa ou dos Orixás.
Podem perceber, têm barracões que não nos sentimos bem, ou não somos acolhidos pelas entidades ali presentes, e em outros nos sentimos muito bem e acabamos achando que aquele é o nosso lugar.
Um dia um Exu me disse: “não somos nós que escolhemos a nossa religião, é a religião que nos escolhe”.
Salve o Candomblé e suas nações!